A história é um espelho no qual as civilizações podem enxergar seus erros e acertos. O Império Romano, símbolo máximo de poder e organização, não caiu de repente, mas foi se desfazendo lentamente, corroído por dentro. Corrupção, disputas de poder, manipulação das leis e a concentração de autoridade em mãos de poucos foram ingredientes que prepararam sua queda.
Séculos depois, é inevitável olhar para o Brasil contemporâneo e perceber ecos dessa trajetória. O Supremo Tribunal Federal, que deveria ser guardião da Constituição e da imparcialidade, tem assumido um papel que muitos consideram político. A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro não é vista apenas como aplicação da lei, mas como reflexo de um ambiente em que a justiça se confunde com a luta pelo poder. Assim como em Roma, quando tribunais e senado eram usados para eliminar adversários, a percepção atual é de que julgamentos seletivos colocam em xeque a confiança da sociedade nas instituições.
No outro extremo, a condução do governo de Luiz Inácio Lula da Silva resgata lembranças de antigos rombos fiscais. O aumento do gasto público, a fragilidade no controle de recursos e a priorização de acordos políticos em detrimento da responsabilidade econômica trazem paralelos com os imperadores romanos que sustentavam luxos e privilégios com os tributos da população. Roma se enfraqueceu quando passou a viver além de suas possibilidades; o Brasil arrisca repetir essa lógica, comprometendo o futuro em nome de um presente sustentado artificialmente.
O que une Roma à nossa realidade não é apenas a distância histórica, mas a advertência universal: quando a justiça deixa de ser imparcial e se transforma em arma política, e quando governantes se colocam acima do bem coletivo, a estrutura que sustenta uma nação começa a ruir. Roma acreditava ser eterna, até que sua decadência interna a fez desmoronar. O Brasil, ainda jovem em comparação, precisa escolher se aprenderá com a história ou se se deixará conduzir pelo mesmo caminho.
Mais do que uma análise do passado, esta é uma reflexão sobre o presente: civilizações não caem apenas por forças externas, mas sobretudo quando minam sua própria legitimidade. E é justamente aí que se encontra nosso maior desafio.
Por Andreia Grezzana